Freud e a emancipação das mulheres

Freud e a emancipação das mulheres
Freud era um liberal sem qualquer ambiguidade, tendo apoiado causas políticas descriminalização do aborto (Arte Andreia Freire)
  Para Gabi, femenina Michel Foucault, que não poupou críticas à psicanálise, reconheceu de bom grado a ruptura em jogo na posição singular da psicanálise em relação ao sistema da degenerescência e sua “oposição teórica e prática ao fascismo”. Tal oposição dá-se em diversos níveis e em diferentes âmbitos. Gostaria de explorar aqui um aspecto pouco considerado dessa oposição teórica e prática ao fascismo, que está intrinsecamente ligado ao papel das mulheres na história da psicanálise. Sem dúvida, Freud é um autor no qual se cruzam conflitos e contradições. Não obstante o aparente conservadorismo de sua vida doméstica, nem todo mundo se lembra de que nas campanhas de seu tempo relacionadas a assuntos sexuais, Freud era um liberal sem qualquer ambiguidade, tendo apoiado, há cerca de um século, causas políticas tais como a reforma da lei do divórcio, a legalização da homossexualidade e a descriminalização do aborto. Freud, que em sua vida familiar não deixava de observar um certo estilo vitoriano, ainda que indiretamente e quase sem querer, teria um papel inestimável na consolidação de algumas bandeiras das lutas das mulheres. Conforme nota uma biógrafa recente, Elisabeth Roudinesco: “Ciente de que sua doutrina, não obstante afastada das lutas feministas, participava amplamente da emancipação das mulheres, Freud via-se como um homem do passado, não tendo ele mesmo desfrutado da revolução sexual que impusera à sociedade ocidental. De certa forma, continua Roudinesco, o século 20 era mais freudiano do que

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