Foucault na USP

Foucault na USP
Michel Foucault e o escritor Claude Mauriac em 1976 (Foto Sophie Bassouls/ Latinstock)
“Era encantador, com um enorme senso do espetáculo. Ele e Lebrun formavam uma dupla espetacular, ambos jogaram com suas vidas além da prudência.” Assim José Arthur Giannotti, professor emérito do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo, resume sua impressão acerca de Michel Foucault, de quem foi um dos principais interlocutores quando das visitas que o pensador francês fez a São Paulo, entre os anos 1960 e 70. “Foucault esteve entre nós em 1966”, como lembra outro expoente do Departamento de Filosofia da USP que esteve próximo a Foucault em São Paulo, Victor Knoll. A Faculdade de Filosofia ainda ficava no prédio da Rua Maria Antônia, antes de se transferir para a atual Cidade Universitária. “A vinda dele foi promovida por Lebrun, que fora aluno de Foucault e depois passou a manter relação bastante próxima com ele. Lebrun já estava entre nós – no Departamento de Filosofia – desde 1960, graças ao programa que o governo francês mantinha desde a fundação da Faculdade de Filosofia, em 1934. Trata-se do mesmo programa pelo qual vieram Lévi-Strauss, Bastide e outros.” O Foucault trazido por Lebrun em 1966 era já autor de um livro de grande repercussão, a História da Loucura, mas ainda não estava no epicentro do cenário intelectual francês. Isso só ocorreria com a publicação de As Palavras e as Coisas, em 1966, pouco depois do curso que, baseado nos materiais desse livro ainda inédito, ministrara na USP. “ Foucault já propunha uma arqueologia do saber, mas era evidente para nós que essa linha er

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