Feminismo negro: corpos e vozes em movimento

Feminismo negro: corpos e vozes em movimento
Lélia Gonzalez (esq.) no Senegal, em 1982 (Foto: Acervo Lélia Gonzalez)
  Peço licença às minhas mais velhas Ofereço o meu abraço àquelas que estão ao meu lado Desejo que as mais novas não tenham que ser guerreiras e fortes como nós Que tenham amor, proteção, apoio e cuidado por onde forem e para o que quiserem ser. Dar precisão à origem de ideias, conceitos, movimentos e perspectivas quase sempre nos conduz a deixarmos de fora algum dado muito importante e relevante. Sobre o feminismo negro não seria diferente. As dinâmicas e demandas da vida são urgentes e estão relacionadas com situações reais, que nos mobilizam cotidiana e existencialmente. Acredito ainda que as ideias e conceitos nunca surgem em um único lugar e a partir apenas de uma visão excepcional. Elas vão influenciando e sendo influenciadas até que algumas vozes se erguem e encontram eco em outras vozes, que vão aumentando e se corporificando até se imporem em um grito coletivo, não unívoco, não homogeneizado, mas de corpos, narrativas e discursos em disputa que lutam pela sobrevivência e por encontrarem formas diferenciadas de se organizarem em prol de uma luta coletiva. Para mim, esse grito coletivo é o que muitos chamam de paradigma. Vozes contra-hegemônicas, que se erguem contra a invisibilidade e o silenciamento, contra a subjugação e contra estruturas históricas que foram naturalizadas e normalizadas. Costumeiramente, o surgimento do feminismo negro é, de modo paradigmático, localizado nos Estados Unidos entre os anos de 1960 e 1970 e está relacionado à luta ativista das mulheres negras na defesa dos direitos civis. Sucintamente, qu

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