Feminismo e pornografia
Protesto do grupo Women against Pornography, em Nova York, em 1979 (Veronica Vera/Candida Royalle Papers/ Schlesinger Library/Harvard University)
Desde que a pornografia começa a crescer como uma indústria nos anos 1960, seja nas revistas, seja nos filmes de videocassete, ela desperta sentimentos contraditórios e controvérsia. O tratamento explícito do sexo por meios visuais traz tanto desconforto quanto curiosidade e desejo. Ele pode ofender, causar vergonha, excitar. O mesmo meio que excita também ofende e causa constrangimento.
No final da década de 1970, na medida em que ganha mais espaço, o pornô recebe a atenção de diferentes grupos e setores da sociedade, dentre eles o movimento feminista. Nessa época, o feminismo passava pelo que se chamou de sex wars: uma divisão no movimento sobre os assuntos da sexualidade, da libertação sexual, do trabalho sexual e do pornô. De um lado, existiu a defesa da pornografia como exploração da sexualidade e da possibilidade de instituir publicamente sexualidades dissidentes da tediosa heteronormatividade papai-mamãe, além de contestar imaginários normativos da sexualidade. Em contrapartida, feministas que se identificaram como feministas radicais, como Andrea Dworkin e Catharine MacKinnon, viram na pornografia nada além de exploração, violência, humilhação e dor nos corpos femininos somente para o prazer e o gozo masculinos.
MacKinnon foi uma voz proeminente no movimento com sua defesa pública de censura da pornografia diante da Suprema Corte estadunidense e com a publicação de Only Words (1993), livro em que resume os fundamentos de seu posicionamento. Segundo ela, as imagens pornográficas têm o poder de criar seu próprio context
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