Expressão e constelação: elementos estéticos na ‘Dialética negativa’

Expressão e constelação: elementos estéticos na ‘Dialética negativa’
O filósofo Theodor Adorno (Reprodução)
  A tarefa de ressaltar elementos estéticos na Dialética negativa se afigura como muito difícil, na medida em que, já no prefácio, Adorno declara, na conhecida designação da obra como “antissistema”, o seu distanciamento de “temas estéticos”: “Se se fala, no debate estético mais recente, de antidrama e de anti-heróis, então a dialética negativa, que se mantém à distância de todos os temas estéticos, poderia se chamar antissistema”. Mas se o leitor persiste na busca desses elementos, não terá dificuldades de encontrá-los na “Introdução” do livro, na qual, numa crítica à filosofia tradicional, Adorno afirma que, assim como a interpretação filosófica de obras de arte não estabelece a identidade dessas com o seu conceito, apenas promove o desdobramento de sua verdade, a dialética negativa deveria conservar e desenvolver o momento lúdico, aparentado com o procedimento artístico, que a cientifização do pensamento cada vez mais proscreve. Para além dessa afirmação mais genérica, precisamente nas partes da obra que se dedicam a “construir” os conceitos e desdobramentos da dialética negativa propriamente dita – por oposição àquelas mais polêmicas – detecta-se claramente a presença de elementos estéticos, como os conceitos de “expressão” (especialmente na “Introdução”) e de constelação” (principalmente na parte intitulada “Dialética negativa: conceito e categorias”), cuja exposição sumária será feita a seguir. No que tange ao conceito de “expressão”, vale lembrar que, antes d

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