Concretismo à cubana

Concretismo à cubana

Nas primeiras bienais de arte de São Paulo a presença de artistas cubanos foi uma constante. Nomes como Sandu Darie e Luis Martínez Pedro, expoentes da arte concretista do país, estiveram presentes desde as primeiras edições. A abertura artística, no entanto, encerrou-se em 1961, quando o regime de Fidel Castro limitou as formas de expressão artística em Cuba.

Subitamente interrompido, esse contato é retomado com a exposição “La Isla Concreta”, em cartaz na Dan Galeria até 15 de outubro. A mostra traz pela primeira vez ao Brasil 31 obras dos 11 principais artistas concretistas cubanos. Entre eles, há nomes como Salvador Corratgé, Rafael Soriano, José Mijares e Wifredo Arcay.

“É a primeira vez, em toda a América Latina, que se mostra uma exposição de arte concreta cubana”, diz o curador Osbel Suárez, que com a mostra pretende “reivindicar, fortalecer e compreender o legado” do movimento. O diretor da galeria, Flávio Cohn, afirma que “La Isla Concreta” é uma tentativa de resgatar o concretismo cubano, “oculto até agora, invisibilizado pelo sistema político que relegou as obras concretistas às famílias dos artistas ou a museus, onde eram pouco vistas”.

Nascido em Cuba, Suárez — que é ex-curador do museu Reina Sofia, em Madri — quis reunir as obras dos artistas que compunham o grupo Los Diez Pintores Concretos, responsável por revolucionar a arte cubana especialmente a partir da segunda metade dos anos 1950, momento em que cores e formas geométricas começavam a ser exploradas na arte latino-americana.

O ápice do grupo se deu em 1959, quando apresentaram suas obras na Galería de Arte Color Luz, em Havana. Dois anos depois organizaram outra influente mostra: “A”/Pintura Concreta, no Museo Nacional de Bellas Artes, na mesma cidade. Foi a última exposição protagonizada pelos Diez, que se dispersaram em 1961 na busca de outras oportunidades fora de Cuba.

Suárez diz que o concretismo cubano é pouco estudado e conhecido porque “sua chama foi lentamente apagada pela revolução, que não a entendeu”. “A pintura não figurativa não servia para o regime manifestar suas ideologias. A galeria, ponto de reunião dos artistas, desapareceu com a lei que eliminava a propriedade privada, então eles acabavam abandonando a arte ou indo para outros países”, afirma.

“La Isla Concreta” dá continuidade à linha de pesquisa da Dan Galeria, já focada em artistas concretistas, mas “com uma novidade que ainda não tinha sido vista”, segundo o diretor Flávio Cohn.

 

La Isla Concreta
Quando: até 15/09, de seg. a sex. das 10h às 18h; sab. das 10h às 13h
Onde: Dan Galeria, rua Estados Unidos, 1638, Jardim Paulista – SP
Quanto: grátis

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