Experimentalismo e desbunde na prosa brasileira

Experimentalismo e desbunde na prosa brasileira
por Alcir Pécora De maneira concomitante à discussão dos cinquenta anos do golpe militar, vêm sendo reeditados alguns livros decisivos, vinculados menos diretamente à luta armada e à política organizada, mas a diversos tipos de experimentalismos, em sintonia com a cultura marginalizada e a contracultura internacional. Com escopos diversos entre si, essas obras apresentavam acento menor na crítica da sociedade de classes e da estrutura de poder nacional do que na escavação subjetiva e na mudança comportamental, articulada em torno de ideias e práticas como as do “amor livre” e do bissexualismo, da luta por direitos civis, respeito às minorias, consumo de drogas etc. Totalizados sob os rótulos de “malditos”, “desbundados” ou “porraloucas”, tais textos, temas e autores, foram sistematicamente objetos da ação da censura e da repressão, mas nem por isso foram assimilados como parte da “resistência” pelas esquerdas partidárias. Ao contrário, eram tratados por elas com desconfiança, como formas de despolitização, adesão à cultura de mercado e à pornografia. Tais acusações, por sua vez, eram rebatidas como “censura moral” e como “patrulha ideológica” contra os que não estavam dispostos a seguir qualquer parâmetro ortodoxo de “normalidade” na conduta pessoal ou na luta política. Gostaria, portanto, de relembrar aqui alguns autores cuja obra mereceria estudo de maior fôlego crítico. Começo com José Agrippino de Paula. Por sorte, seus dois romances, Lugar público (1965) e PanAmérica (1967), foram reeditados pela

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