Essas mulheres: Maria Vilani

Essas mulheres: Maria Vilani
A filósofa Maria Vilani: "O universo da literatura ainda é dominado pelos homens, embora as mulheres estejam neles em grande número já" (Foto Cleane Cavalcante Gomes)
  A filósofa, professora, poeta e ativista cultural Maria Vilani é hoje uma das principais figuras do bairro do Grajaú, periferia de São Paulo, chamado pelo filho famoso, o rapper Criolo, de “The Grajauex”, onde “duas lajes é triplex”. Nascida no Ceará, em 1950, ela nunca frequentou escola na infância e somente aprendeu a “desenhar” o próprio nome porque o pai lhe ensinou. Ficou órfã aos oito anos e foi criada pelos tios paternos. Autodidata, aprendeu a ler sozinha: pegava as folhas de jornais e revistas que embrulhavam os alimentos comprados pela família e, a partir das letras que conhecia do seu nome, identificava, ou decodificava, as palavras novas. “Foi uma luta muito grande. Eu queria ler e não tinha ninguém para ler para mim. Então terminei o meu processo de alfabetização, começado pelo meu pai, sozinha”, conta. Os livros de poesia foram os primeiros a chamar a atenção de Maria. Depois de alfabetizada , passou a escrever seus próprios poemas. Em 1970, aos 23 anos, mudou-se para São Paulo com o marido. “O Ceará não tinha emprego e a gente vivia uma situação muito deficitária, a sobrevivência era difícil. Queríamos ter filhos, mas não queríamos que eles passassem por tudo aquilo que estávamos passando. Decidimos, então, viajar para São Paulo.” O marido logo conseguiu emprego como metalúrgico, mas Maria, acostumada a trabalhar em balcão de lojas no Nordeste, acabou virando dona de casa para poder ter filhos. “Na época, não tinha creche nas periferias como tem hoje.” Com quatro livros escritos e três

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