Especial | Por uma antropologia além do homem

Especial | Por uma antropologia além do homem
(Ilustração: Reprodução/J. C. Mikan)
  Nos últimos anos, em encontros, colóquios, cursos acalorados de antropologia, encontrei três etnólogos que fizeram minha “escuta saltar”. Refiro-me a Joana Cabral de Oliveira, Paulo Victor Albertoni Lisboa e Igor Scaramuzzi, autores de artigos deste especial. São jovens antropólogos cujas pesquisas aparecem com um novo desenho: uma etnologia além do anthropos, uma guinada para a etnografia multiespécie. Pelo olhar desses pesquisadores, visitaremos a Terra Indígena Wajãpi (Amapá, PA), onde as sucuris, as grandes cobras amazônicas, têm roçados, os tucanos plantam palmeiras de açaís, as cutias ajudam a plantar castanhais. Também revisitaremos, de um ângulo inusitado, o povo guarani das aldeias de Krukutu e Brilho do Sol, em São Paulo. Os castanhais do Alto Trombetas, no norte do Pará, com os quilombolas, serão uma surpresa para os leitores da Cult. Por meio de etnografias cuidadosas, temos contato com o jogo colaborativo entre as espécies – incluindo, claro, o ser humano –, para manter e diversificar a floresta. E com isso conceitos universais como Natureza, Cultura e Humanidade vão, ao longo desses escritos antropológicos, caindo por terra. As florestas são frutos dessas interações entre as espécies. Renato Sztutman abre este especial, oferecendo-nos um arcabouço antropológico, também fruto de etnografias, para a discussão do animismo hoje. Trata-se de um debate que afeta questões muito atuais, como a crise sanitária, a devastação ambiental e a “intrusão de Gaia”, na expressão de Isabelle Stengers: a reação e

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