entrevista | “O patriarcado funciona pelo silêncio”

entrevista | “O patriarcado funciona pelo silêncio”
O patriarcado é um regime que beneficia os homens, mas seduz algumas mulheres (Foto: divulgação)
  Em junho, a Suprema Corte dos EUA revogou a histórica decisão sobre o caso Roe vs. Wade, derrubando o direito ao aborto estabelecido há quase cinco décadas no país. Que sinais essa decisão envia para o resto do mundo? O primeiro e mais importante sinal é de que os governos autoritários, como foi o de Donald Trump – que carregam uma agenda de perseguição aos direitos das mulheres, das minorias sexuais, uma agenda antigênero –, são mais duradouros do que sua permanência. Seus efeitos são sentidos em longa duração, mesmo quando as forças políticas são transformadas. O segundo sinal é de que uma fragilização democrática, como a que viveu os EUA com Trump, tem no seu centro a fragilização da cultura de direitos humanos. Há uma falsa pergunta sobre uma dicotomia entre temas de justiça econômica e a chamada pauta identitária. Desde sempre as duas coisas estão juntas. E nós nos movemos circulando com falsas perguntas, que são colocadas por essas forças que têm muito poder de contágio. O terceiro sinal é de que precisamos levar a sério que, em um Estado democrático de direito, como EUA e Brasil, os poderes de uma República têm igual importância. Não é só o Parlamento, não é só o Judiciário, não é só o Executivo. Esse jogo tem que ser levado muito a sério. Que repercussões essa decisão pode ter no Brasil? O poder da Corte dos EUA é o de um agendamento transconstitucional. Sei que é um jargão, mas importante no campo jurídico. Cortes como a brasileira – sólida, com vigor de reflexão – têm uma ór

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