EntreAtos

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Renata Cardarelli

Tem Bob Wilson e sua montagem de Happy Days, de Samuel Beckett. O lituano Eimuntas Nekrosius apresentando, de Dostoiévski, o célebre romance O Idiota. Ruy Cortez na direção de Hilda Hilst – O Espírito da Coisa (na foto); Enrique Díaz com a premiada In on It; Paulo José e a encenação de Um Navio no Espaço ou Ana Cristina Cesar; Adriana Calcanhotto e Marcelo Jeneci, com os shows Partimpim Dois e Feito para Acabar. Para citar algumas entre as muitas coisas boas que apresenta a 17ª edição do Porto Alegre em Cena. A crítica de teatro Beth Néspoli destaca a atuação do curador do evento, Luciano Alabarse: “Ele viaja muito para Venezuela, Argentina, Colômbia, então, conhece o teatro desses países”. Beth ressalta ainda que as peças não são selecionadas por vídeo, o que garante a boa qualidade dos eventos incluídos na programação: “Eu já tive muitas surpresas maravilhosas de espetáculos uruguaios e argentinos em outras edições deste festival, mesmo de diretores que ainda não ganharam renome internacional”, conta.

Com expectativa de reunir cerca de 100 mil espectadores, o festival traz companhias europeias, japonesas e latino-americanas, além das brasileiras. A CULT conversou com especialistas da dramaturgia e participantes do Porto Alegre em Cena para saber quais peças da programação eles já viram e quais eventos desta edição do festival são imperdíveis.

“Na edição deste ano, haverá a apresentação de In on It, que tive o prazer de ver em São Paulo, trabalho de dois grandes atores, Emílio de Mello e Fernando Eiras, sob a batuta inspirada do diretor Enrique Díaz. Além disso, está na grade de programação O Grande Inquisidor, com o ator Celso Frateschi, em pleno domínio de seu ofício, dirigido por um dos diretores de maior talento do teatro brasileiro, Rubens Rusche. Quanto aos espetáculos que ainda não vi, procurarei assistir ao Happy Days, de Samuel Beckett, dirigido por Robert Wilson, por se tratar de um raro encontro entre um grande dramaturgo e um importante encenador do teatro contemporâneo.”
Samir Yazbek, diretor e dramaturgo. Dirige A Última Miragem – Work in Progress, uma das atrações desta edição do festival.

“Tenho vontade de ver O Idiota com a companhia lituana, porque adoro Dostoiévski. Corte Seco, de Christiane Jatahy, ainda não vi, mas acompanho o trabalho dela e já trabalhamos juntos no Rio de Janeiro. Los Padres Terribles [considerado pela crítica do Uruguai o melhor espetáculo de 2009], escrito por Jean Cocteau, também chamou a minha atenção. Das atrações musicais que estão no roteiro, gostaria de ver a apresentação de Maria João e Mário Laginha, pois gostava muito do som deles nos anos 1980 e 1990. A orquestra do Goran Stankovic será imperdível também. Marcelo Jeneci é muito talentoso, mas só escutei na internet, por isso, gostaria de ver o show”.
Domenico Lancelotti, músico. É membro da banda que toca com Adriana Calcanhotto no espetáculo Partimpim Dois.

“Entre os espetáculos da programação, o único a que consegui assistir foi Máquina de Abraçar, que recomendo. Desta edição do festival, tenho interesse em ver as duas montagens de Beckett [Final de Partida e Happy Days], o grupo japonês Sankai Juku, que se apresenta com o espetáculo Tobari, e o Goran Bregovic [músico sérvio-bósnio que abre o festival com o espetáculo Alkohol]. Entre os nacionais, adoraria ver os espetáculos de amigos meus que ainda não consegui ver: Dona Otília e Outras Histórias, Corte Seco, Hilda Hilst, O Grande Inquisidor, entre outros.”
Emílio de Mello, ator. Ao lado de Fernando Eiras, conquistou o Prêmio APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro) de teatro de 2010 na categoria melhor ator protagonista com a peça In on It, uma das atrações desta edição do festival.

“Vou viajar para Porto Alegre porque não quero perder O Idiota, de Dostoiévski, na encenação do diretor lituano Aimuntas Nekrosius. Parece que a peça tem cinco horas e devem ser cinco horas de puro prazer. Tem também Um Navio no Espaço ou Ana Cristina Cesar, com Paulo José e sua filha Ana Kutner em cena. Ver o Paulo José em cena é sempre interessante. Eu não vou ver, mas acho que é uma das boas coisas do festival. Eu fico muito interessada em ver como o ator Federico Luppi vai fazer o papel que Paulo Autran fez na versão brasileira da peça Por Tu Padre. Ele e o diretor da peça [Miguel Cavia] não são conhecidos internacionalmente”.
Beth Néspoli, crítica de teatro.

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17º Porto Alegre em Cena
Onde: em diversos teatros de Porto Alegre
Quando: 8 a 27 de setembro
Quanto: R$ 20
Ingressos: até 26 de setembro, na Usina do Gasômetro,
Av. Presidente João Goulart, 551, Centro
Info.: www.poaemcena.com.br

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