Entre o assombro e a normalização

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Entre o assombro e a normalização
Há boas razões para considerar Bolsonaro um candidato a presidente diferente de todos os outros (Arte Andreia Freire/Revista CULT)
  Fora os ultraconservadores e os antipetistas radicais, o Brasil civilizado se divide hoje em duas visões sobre Bolsonaro. De um lado, os que, como eu, acham que um candidato com ideias fascistas e com um entorno militarista, reacionário e violento representa uma clara e imediata ameaça à democracia. Do nosso lado temos intelectuais e artistas, brasileiros e internacionais, além de muitos jornalistas e políticos estrangeiros. De outro lado, os que acham que o deputado é um candidato como outro qualquer na corrida eleitoral, só que com ideias atrasadas e desagradáveis. Desse lado estão políticos como Geraldo Alckmin, Marina Silva, Fernando Henrique Cardoso, a elite econômica, alguns intelectuais de direita e a maior parte do jornalismo brasileiro. Há boas razões para considerar Bolsonaro um candidato a presidente da República diferente de todos os outros candidatos que disputaram a presidência nos intervalos democráticos da nossa curta história republicana. E todas elas têm a ver com o risco que ele representa para as instituições da democracia liberal. De fato, se Bolsonaro for eleito, como atualmente deseja a maioria dos brasileiros, muitos dos quais se gabando de serem progressistas e liberais, provavelmente não veremos a implantação de um regime fascista em 1º de janeiro. Mas teremos uma virada talibã de fazer inveja aos afegãos. Separei aqui alguns projetos de leis e de emendas constitucionais, além de três medidas administrativas e legais que Bolsonaro prometeu explicitamente que dariam o norte do seu governo. Como prime

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