A economia deve esperar
Entre os 195 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), há dois países observadores não membros, um único mereceria ser citado no Enfermaria n. 6 de Anton Tchékhov ou inserido no Alienista do bom Machado. Algum dos diferentes romances distópicos que estão sendo escritos no momento de pandemia ambientará seu enredo nesse mesmo país, não duvido.
Não é necessário comprar passagem e arriscar-se em aeroportos para visitá-lo, basta estar em São Paulo, Baixada Santista, Brasília, Natal, Fortaleza e outras cidades do Brasil, espiar pela janela e observar carreatas barulhentas. Bandeiras e buzinaços contra o isolamento social, frases jocosas contra a “gripezinha” e danças macabras regadas a alienação com simulacros de caixão.
A falta de humanidade incluiu buzinaço e barulheira em frente ao Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Incor-HCFMUSP).
Nem o que ocorreu no Norte da Itália serviu de exemplo. Políticos populistas, como o prefeito de Milão com seu slogan inicial “Milão não para” e suas desculpas tardias, ignoraram o bem-estar de seus cidadãos e aceitaram a pressão dos empresários, com sua ganância neoliberal, para não propor o isolamento social. Pronto, a falta de isolamento diante de um vírus altamente contagioso disseminou a tragédia. O segundo elemento é a marcada desigualdade no acesso ao sistema de saúde italiano, no qual os serviços especializados, sobretudo os de alta qualidade, variam conforme a posição social das pessoas (melh
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