1917, um ano revolucionário

1917, um ano revolucionário
Iakov Guminer (1896 - 1942), '1917', peça de 1927. Encomendada ao artista pela Comissão de Leningrado para a celebração dos dez anos da Revolução de Outubro (Reprodução)   A Revolução de 1917 não foi o fruto da conspiração de qualquer partido político   Para o historiador norte-americano Richard Pipes, o “Outubro Vermelho foi um golpe de Estado clássico, conduzido não pelos sovietes, mas pelos bolcheviques”. O “governo soviético é uma ideia anarquista. É preciso ter um governo. Os bolcheviques, quando perderam apoio popular, simplesmente ignoraram as eleições. Era só um slogan. Nunca seria possível governar o país por meio de sovietes”. Esse “governo impossível” se sustentou, segundo o autor, graças ao “controle da economia e à máquina de terror político”: na medida em que o primeiro é um atributo de qualquer governo, o essencial é o segundo. O problema é que os bolcheviques careciam de qualquer “máquina de terror” (de qualquer força armada) até depois da Revolução de Outubro. Como chegaram, então, ao poder? A Revolução de Outubro de 1917 foi precedida pela Revolução de Fevereiro. Esta última não foi o fruto da conspiração de qualquer partido político. O ano de 1917 foi chamado pelo presidente francês Raymond Poincaré (1860-1934) de o “ano terrível”, o terceiro da guerra mundial, depois de um rigoroso inverno europeu. Para milhões de homens, era o fim das ilusões patrióticas de 1914, transformadas em massacres de combatentes, em “ofensivas” que custavam centenas de milhares

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