Fim da impunidade

Fim da impunidade

O Estado é a vaca leiteira, em cujas tetas todos procuram dependurar-se. É assim, parafraseando Rui Barbosa, que o historiador José Murilo de Carvalho se refere à corrupção no Brasil.

Com apenas sete meses, o governo de Dilma Rousseff já é conhecido por escândalos, como o do Ministério dos Transportes, que levou o ministro Alfredo Pereira do Nascimento a deixar o cargo.

Doutor em ciência política pela Universidade Stanford (EUA) e professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Carvalho explica, na entrevista abaixo, a causa de tantos escândalos no Brasil: “A lei para nós é apenas uma imposição de que se procura escapar”.

CULT – É possível solucionar o problema da corrupção na política brasileira?

José Murilo de Carvalho – As razões para a corrupção são muitas – sociais, políticas, culturais. Sejam quais forem suas causas, no entanto, só há um remédio para ela: o fim da impunidade. A punição não acaba com a corrupção, mas, como em outros países, a reduz a taxas toleráveis.

O que acontece no governo Dilma Rousseff para que, desde o início, haja tantos escândalos de corrupção?

Dilma foi vítima de uma herança maldita quanto à corrupção. Todos os escândalos até agora têm a ver com alianças e políticos herdados. A postura da presidente tem sido distinta da de seu antecessor no que se refere à tolerância à corrupção.

Eu diria que ela é mais republicana, no sentido de que se preocupa mais com o bom governo, transparente e eficiente.

O que o senhor prevê para os próximos anos de governo Dilma?

Ela começou muito bem, mas foi logo atropelada pelos episódios de corrupção. Se persistir, ganhará popularidade, mas terá também dificuldades políticas com a base aliada. Espero que ela consiga injetar um pouco de república em nossa democracia.

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(1) Comentário

  1. Não sei se ela é mais republicana, ou vive a contingência de não ter a seu serviço uma articulação política tão eficiente quanto calhorda como a de Lula. Ela não sabe fazer e não tem quem faça o serviço sujo de bancar os “malfeitos” como ela diz, mandando-os para debaixo do tapete como o Lula fazia com maestria, de forma a que entre mortos e feridos todos continuassem vivos e felizes! Se ela fosse mesmo republicana, fazia a tão esperada faxina e montava um Ministério e um governo pautado apenas pela honestidade e meritocracia. As demissões ocorridas foram mínimas e não servem para marcar uma maneira diferente de ser e agir, mas sim uma incapacidade de ser como o outro era, compromisso que, afinal, fez com que se elegesse.

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