Diga-me com quem andas…

Diga-me com quem andas…
Kenneth Branagh interpreta Henrique V em filme de 1989 (Reprodução)
  Ulysses Guimarães declarou certa vez que era prudente não estar tão perto de alguém com quem não pudesse romper amanhã, nem tão afastado que não fosse possível reatar depois de amanhã. Donde se deduz que, ao menos em política, seria imprudente deduzir a identidade do político pelas companhias que frequenta. E pelos amigos, dá para saber quem é alguém por quem o ronda? Soubemos de um garoto judeu que era “brô” de filhos de alemães nazistas. Soubemos de outro que detestava o amigo íntimo de um amigo íntimo (desmentindo aquilo de “os amigos dos meus amigos são meus amigos”). Quem sabe pelo cônjuge? Acho que nem o mais uxório dos maridos admitiria ser definido pela esposa. E a recíproca é verdadeira, visto que mesmo diante da constante lamúria feminina pela falta de um homem para chamar de seu, basta encontrá-lo para começar a reivindicação de independência: “não sou apenas a mulher de” (muito machista, dizem, reduzir a identidade feminina à de esposa).Talvez pelos inimigos. Aqui, sim, estaríamos dispostos a conjecturar que o tipo de inimigos que uma pessoa é capaz de angariar para si diz uma porção de coisas sobre ela (coisas que a própria se apressaria a desmentir, claro). O documentário de Herzog sobre Klaus Kinski, Meu querido inimigo, poderia ser um bom material de reflexão. Fito Paez canta que “não é bom ter inimigos que não estejam à altura do conflito”. Em suma, esse ditado deve ter sido inventado por mães preocupadas em não ver seus rebentos em más companhias, já que isso falaria mal delas próp

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