A diferença entre feminismo e feminino

A diferença entre feminismo e feminino
Poster by Cuban artist José Gómez Fresquet (Frémez), circa 1970. Image: cwluherstory.com

Para a Lorena Duarte, colega feminista que me chamou a atenção do fato

A diferença entre feminismo e feminino não é um “sm” no lugar do “n”. Mas a confusão das letras pode causar certa dor de cabeça…

Nesta semana, o Diário Catarinense publicou uma entrevista, fruto de uma conversa que tive com a repórter Kiara Domit por ocasião da feira do livro de Criciúma. A conversa foi super simpática, no final da festa, quando todos estavam cansados. Mesmo assim foi legal e eu respondi as perguntas, ainda que num clima coloquial, com muita lucidez.

Só que saíram uns erros. Hoje o jornal me mandou um pedido de desculpas e me avisaram que publicaram uma correção.

O correto é: “EU DESCONFIO MUITO DO FEMININO“.

O todo da entrevista pode ser lida aqui:

http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/variedades/noticia/2013/10/eu-desconfio-muito-do-feminino-4299159.html

O que causou estranheza foi aparecer a frase “Eu desconfio muito do feminismo”. Por que eu disse feminino e saiu feminismo. No entanto, a matéria era bem feminista, como acredito que a própria Kiara é.

Verdade que foi publicado um trechinho da entrevista. Eu prefiro, aliás, mandar as respostas por escrito… não é a primeira vez que  acontece um erro me envolvendo. Até porque os meus temas são sérios, graves, até polêmicos como pensam certas pessoas.

O que eu chamo de feminino? A construção dos ideias da masculinidade que pesam sobre as mulheres: maternidade, sensualidade, formas corporais, gênero, gestos, papéis. Eu penso a teoria feminista como um gesto feminista de desconstrução que tem que passar pela desconstrução do feminino. A liberdade real das mulheres – travestis, transhomens e todo mundo – surge desse processo.

Por que as pessoas precisam ser femininas? Não precisam. Mas “quem” precisa que outra pessoa seja feminina??? Esta é uma pergunta melhor…

Já o feminismo, eu o defendo sempre. E assumo o meu como um desejo de dialogar com o mundo em defesa da singularidade de cada pessoa, no qual estejam inclusas mulheres em sua pluralidade radical.

Mês de novembro vem aí e o Dossiê Judith Butler que organizei para a Revista Cult com um debate importantíssimo para o nosso tempo em que as “identidades” precisam ser repensadas… E o feminismo é o nosso jeito de começar sempre bem e seguir melhor ainda.

(Há textos meus em livros, neste blog e no site da Revista Cult com trabalhos mais específicos sobre o tema, quem quiser saber mais só procurar.)

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