Diálogos

Diálogos
O filósofo francês Gilles Deleuze em 1987 (Reprodução)
  São muitos os livros e artigos de Gilles Deleuze que trazem um diálogo privilegiado com as artes. Mesmo naqueles escritos em parceria com Félix Guattari, a proliferação de conceitos que nascem da conversa da Filosofia com campos artísticos parece indicar-nos alguma coisa importante. Algo que talvez nos fale de um certo modus operandi deste pensamento, um certo modo de funcionar a partir de acoplamentos, misturas, diálogos, um pouco daquilo que Deleuze e Guattari chamaram de blocos de devir. Dizer que a Filosofia forma bloco com a Literatura, a Pintura e a Música não é o mesmo que dizer que ela se utiliza destes domínios para criar seus exemplos, suas comprovações nem vice-versa. Não é o mesmo dizer que a Filosofia se apropria das artes para criar seus conceitos e dizer que ela cria um bloco de devir com certas obras para daí fazer passar algo, deixar que neste encontro algo se crie, algo aconteça e faça passar devires. O fato é que Deleuze, nas inúmeras conversas que seu pensamento travou com o Cinema, a Literatura, a Poesia, a Música, as Artes Plásticas, acabou deixando margens para que sua filosofia pudesse ser tomada como crítica de arte, ou como arcabouço teórico a fornecer “modelos” a serem “aplicados” na leitura de um objeto artístico. A nós parece de fundamental relevância, para a compreensão de sua proposta, que essa nuance seja explicitada: Deleuze não colocava a Filosofia “a serviço da Arte”, tampouco a Arte (ou as Ciências, a Psicanálise, a Política etc.) “a serviço da Filosofia”, mas, antes, proc

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