Decolonialidade do saber versus colonialidade do poder?
(Colagem: Claudia Roquette-Pinto)
Segue artigo em forma de ensaio considerando Theodor Adorno, para quem o ensaio não é um gênero menor, mas se formata em um livre pensar que flerta com várias disciplinas – e que em especial se fascina com a literatura. Estou solidária com as angústias de Heloisa Buarque de Hollanda na organização de um livro sobre tendências do pensamento feminista hoje e potencialidades da perspectiva decolonial. Perspectiva por aqui ainda sem cumprir seus princípios, como decolar do local, de experiências coletivas de mulheres na contramão de modelagens normativas – o que pode ser paradoxal, considerando a fertilidade das novas tendências do feminismo por estas terras. Aliás, primeira provocação: precisamos de um tipo de feminismo que anule um rico percurso que vem enfrentando golpes e violências, ou será que precisamos de ampliação crítica do feminismo, considerando sujeitos em distintas relações na classe-raça-gênero, em prol de uma frente de vários feminismos, como o negro, o de orientação popular (por exemplo, o das mulheres trabalhadoras rurais), o emancipacionista com projeto socialista, e as elaborações sobre sexualidades não heteronormativas, informadas nos movimentos de grupos LGBTI+?
De fato, um dos construtos importantes da perspectiva decolonial seria, segundo Michel Cahen em texto incluído em Para além do pós(-)colonial (Alameda), “evitar o frequente hiperclassismo de certo marxismo, segundo o qual as únicas identidades relevantes são as identidades de classe – essas últimas além disso reduzidas somente às duas clas
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