A Covid e os desafios à democracia
O ano de 2020, ainda pela metade, já entrou definitivamente para a história. Não seria apressado dizer que enfrentamos, neste exato momento, um dos mais marcantes acontecimentos do século 21. O alastramento de uma versão de um vírus até então pouco conhecido, cujo epicentro era a China, logo tomou todos os continentes do mundo profundamente globalizado. Em pouco tempo, um único tema passou a hegemonizar, em todas as línguas, os noticiários, debates públicos e angústias: a Covid-19.
Não há área do conhecimento ou campo da vida social que não tenham sido profundamente impactados pela pandemia, categoria utilizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para classificar doenças infecciosas que afetaram um grande número de pessoas espalhadas pelo mundo. Esse alerta colocou às claras uma situação de emergência que suspendeu qualquer conceito de normalidade que alimentávamos até poucas semanas atrás.
Os efeitos dessa crise sanitária, com desdobramentos políticos e econômicos, ainda não são plenamente visíveis. Mas o que já vemos atesta gravidade. Em primeiro plano, as mortes se multiplicaram em proporção assustadora: enterros em valas comuns, caixões lacrados, impossibilidade de rituais de despedida. Além da ameaça direta da morte, outras mudanças também estão sendo duramente sentidas: hospitais lotados; fechamento de fronteiras e interrupção dos fluxos de pessoas entre países; vigilância em massa e monitoramento dos cidadãos por meio do aparelho celular; militarização da fiscalização das medidas restritivas; pr
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