Conto da era do rap

Conto da era do rap
(Foto Divulgação)
    O que o australiano Baz Luhrmann, diretor dos extravagantes musicais Vem dançar comigo (1992), Romeu + Julieta (1996) e Moulin Rouge! (2001), faria com O grande Gatsby (1925), o romance clássico do norte-americano F. Scott Fitzgerald sobre a “era do jazz”, já transportado para o cinema em 1974 pelo diretor inglês Jack Clayton, com roteiro de Francis Coppola (O poderoso chefão) e Robert Redford no papel-título? A dúvida – em forma de temor – acompanhou o período de filmagem da nova adaptação, escrita por Luhrmann e por seu colaborador habitual, o roteirista Craig Pearce. Quando começaram a circular os teasers e trailers do filme, ainda em 2012, o diz-que-diz na imprensa dos EUA se intensificou. O problema não era um estrangeiro se apropriar de uma matéria-prima tão essencial à cultura literária do país – talvez a obra de maior fôlego de Fitzgerald (1896-1940), Gatsby é um dos grandes romances norte-americanos do seculo 20. Hollywood, afinal, é terra de imigrantes, e muitos deram contribuições notáveis à cultura dos EUA. O problema era o estilo de trabalho do estrangeiro em questão, caracterizado pelo visual rocambolesco, por movimentos de câmera frenéticos, por interpretações teatrais e por uma reciclagem do pop contemporâneo. Um cineasta de fogos de artifício, lidando com uma prosa discreta e sofisticada sobre a vida interior de seus personagens. Elefante em loja de cristais. Pois fogos de artifício é o que vemos, literalmente, no filme que Luhrmann extraiu do livro de Fitzgerald. Jay Gatsby, o protagonista da h

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