A Cleópatra da África Central
A professora Linda M. Heywood, autora de 'Jinga de Angola: A rainha guerreira da África' (Foto Kalman Zabarsky / Divulgação)
A plateia que assistiu ao filme angolano Njinga, rainha de Angola, lançado no Brasil em 2013, pode explorar com profundidade a biografia da rainha angolana do século 17 que se tornou símbolo da resistência contra o colonialismo no continente africano. O livro Jinga de Angola: A rainha guerreira da África, publicado em 2017 pela Harvard University Press e agora traduzido pela Todavia, não é a primeira biografia sobre a epopeia de Jinga, mas é uma obra inédita na medida em que a autora costura sua narrativa sem cair na tentação de endeusar ou vilificar a persona histórica.
Na sua história de Jinga, a professora Linda M. Heywood não se esquiva nem simplifica as controvérsias entre as diferentes fontes, que variam de documentos e arquivos coloniais portugueses, relatos dos capuchinhos Gaeta e Cavazzi para o Vaticano às versões dos povos ambundos, imbangalas e congoleses. Os portugueses a retratam como uma feiticeira selvagem e sexualmente perversa, ao passo que os capuchinhos a descrevem à luz de uma relação delicada, marcada por desconfiança, receio, porém certo fascínio em torno de sua figura como aposta do Vaticano em sua influência na cristianização do reino. Por último, os povos da África Central a consideram uma personagem histórica tão importante quanto Cleópatra, por seu papel fundamental na luta contra os colonizadores portugueses.
O assombro dos colonizadores e, de certa maneira, também dos capuchinhos, aqueles que registraram os relatos canônicos sobre Jinga, produziu ecos no imaginário de autores ocidentais: Jean-Lou
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