Essas mulheres: Bianca Santana

Essas mulheres: Bianca Santana
A jornalista Bianca Santana: "Sou negra há menos de um ano. Antes, era morena. Minha cor era praticamente travessura do sol" (Divulgação)
  A jornalista paulistana Bianca Maria Santana de Brito não costuma usar o nome do pai, então assina somente como Bianca Santana. Assinar com o nome materno para ela é tão transgressor como quando se reconheceu negra pela primeira vez. Na realidade, nunca houve uma “primeira vez”, mas uma sucessão de acontecimentos que fizeram Bianca prestar atenção à cor de sua pele, socialmente embranquecida desde que se formou em uma faculdade de renome e passou a dar aulas na mesma instituição. “Eu fui branqueada em casa, na escola, no cursinho e na vida universitária.” Assim Bianca inicia seu primeiro livro, Quando me descobri negra: “Sou negra há menos de um ano. Antes, era morena. Minha cor era praticamente travessura do sol. Era morena para as professoras do colégio católico, coleguinhas – que talvez não tomassem tanto sol – e para toda a família, que nunca gostou do assunto. ‘Mas a vó não é descendente de escravos?’, eu insistia em perguntar. ‘E de índio e português também’, era o máximo que respondiam sobre as origens da avó negra”. O livro, lançado em 2015 pela editora SESI-SP, é uma reunião de textos que Bianca publicou em um blog que mantinha no site Brasil Post em 2014. Quando me descobri negra retrata o processo por que Bianca passou para se enegrecer novamente e se reconhecer negra, enfrentando o racismo velado do dia a dia, como a vez em que foi insistentemente confundida com a atendente de um café chique em São Paulo enquanto esperava uma amiga. “Escrever organiza os sentimentos. Na escrita, você revisita aque

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