Balanço da política em 2016
O colunista Francisco Bosco (Foto: Divulgação)
A rigor, a ideia de justiça é impossível. Um acontecimento nunca equivalerá exatamente ao acontecimento que lhe precedeu e que tem a intenção de reparar. A justiça é sempre uma aproximação. Seu movimento inclui riscos diversos de distanciamento no interior de um suposto sentido geral de aproximação. A operação “lava jato” (as aspas se devem ao erro ortográfico-semântico em seu nome) foi saudada por setores da sociedade brasileira como um grande e inédito acontecimento da justiça no país. Pela primeira vez na história, altas figuras corruptas do empresariado e da política nacionais estavam sendo presas. A operação ainda não acabou, e seu sentido só poderá ser determinado quando ela chegar ao fim – até aqui, entretanto, a “lava jato” fez muita sujeira em sua operação de limpeza.
Há dois níveis de críticas a ela, sendo o primeiro incontestável e irrevogável, enquanto o outro, pertinente até o momento, só poderá ser confirmado a posteriori. As arbitrariedades cometidas pelo juiz Sergio Moro e alguns procuradores – divulgação de grampos ilegais, conduções coercitivas desnecessárias, espetacularização de prisões, abuso de prisões preventivas etc. – prejudicaram injustamente as pessoas envolvidas, sem reparação possível (e às vezes tendo consequências gravíssimas, como no caso do grampo em Lula), e prejudicaram também o exercício da justiça no país. “Os fins justificam os meios” é uma máxima que trai o sentido da justiça em seu cerne, uma vez que é a correção dos meios que garante que se saiba
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