Ascensão e queda dos olimpianos morais na política
Nas eleições de 2018, Bolsonaro venceu primeiramente uma suposta competição de caráter (Arte: Revista CULT)
Os brasileiros temos as nossas peculiaridades na política. Você também pode chamar de “esquisitices”, mas é uma manhã de sol e a vida parece boa, então vou escolher uma expressão mais neutra. Dentre as nossas idiossincrasias está o fato de que preferimos escolher candidatos e partidos com base em julgamentos de caráter e avaliações morais. Preferir ou preterir, tanto faz. E é também com base nisso que imaginamos políticas públicas e formas políticas de resolver problemas sociais.
Pareço abstrato demais? Tomemos, por exemplo, um dos grandes problemas sociais brasileiros, segundo a percepção mais disseminada neste momento: a corrupção política. Não há respostas fáceis para isso, mas se prestarmos atenção em países em que esse fenômeno não está identificado como um dos maiores problemas sociais, vamos ver que ali estão em funcionamento freios e incentivos que, antes que apostar todas as fichas na conversão dos indivíduos, ganham materialidade institucional. Nota-se, por exemplo, que o aumento dos mecanismos e instituições de controle das contas públicas, da demanda por e da cobrança de transparência de políticos e servidores e das obrigações de prestação de contas elevam os custos da corrupção e diminuem consideravelmente a sua prática. Esse conjunto de medidas institucionalizadas aumenta exponencialmente o risco de o corrupto ser apanhado e de ser punido e, por consequência, diminui consideravelmente a prática da corrupção.
A escolha, então, é pelo que os estudiosos de política chamam de “design i
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »