Arte, ódio e ressentimento

Arte, ódio e ressentimento
A atriz Renata Carvalho no papel de Jesus Cristo na peça 'O evangelho segundo Jesus, rainha do céu', de Natalia Mallo (Foto Bob Sousa)
  Em meados da década de 1940, Theodor Adorno, ainda no seu exílio estadunidense, se associou a um grupo de pesquisadores da Universidade de Berkeley para realizar uma inédita investigação que visava identificar, em indivíduos considerados “normais”, elementos psíquicos que predisporiam sua adesão a posições políticas fascistas, mesmo numa democracia liberal como a norte-americana. Essa pesquisa deu origem ao livro A personalidade autoritária, que, ainda hoje, é considerado um clássico da psicologia social. Entre os parâmetros aferidos pelos questionários aplicados, encontravam-se: “convencionalismo” (fixação obsessiva a valores convencionais), “submissibilidade autoritária” (submissão cega a lideranças), “agressão autoritária” (tendência a punir outsiders), “anti-intracepção” (reação negativa a elementos subjetivos), “projetividade” (projeção de pulsões sobre o mundo exterior) e, finalmente, “sexualidade” (obsessão por sexo). Curiosamente, todos esses elementos estão presentes na ação de grupos que promoveram há pouco  ataques a manifestações artísticas e culturais em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte (apenas para citar alguns dos mais “espetaculares”). A conexão desses movimentos com a pesquisa sobre a “personalidade autoritária” se encontra no fato de que, sob a capa de suposta ideologia neoliberal, tais grupos são de fato neofascistas, sendo também apoiados por seguidores de seitas neopentecostais, enquadrando-se tudo isso, perfeitamente, na avalanche d

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