Aprisionados pelo passado
(Foto: Liz Dorea)
É consensual que a sociedade do conhecimento, em que a nova economia globalizada alargou fronteiras e ampliou a interconexão mundial das economias e fluxos financeiros, produziu mudanças profundas no formato das relações e interações pessoais, sociais, estatais e empresariais, e que, por seu turno, os conjuntos dessas mudanças promoveram e continuam promovendo profunda transformação na forma de pensar e agir.
É consensual também que, embalada pelos novos e revolucionários produtos tecnológicos, acesso imediato a informação e o aumento considerável de poder de compra, decorrentes da melhora dos fundamentos da economia do país, a “nova classe média” brasileira, brotada no interior desse tal fenômeno, teve promovido um alargamento das demandas de consumo de bens e produtos mercadológicos, sociais e governamentais.
Todavia, na direção inversa dessa avalanche transformativa, um dos mais profundos dilemas estruturais do Brasil permaneceu intocado e inatingível: o conflito renitente que subordina a trajetória de negros e brancos no Brasil.
Confrontado com outras definições também importantes da trajetória histórica e cultural do país, ganha concretude, conformação e alcança confortável sentido de autoexplicabilidade, principalmente para aqueles que se debruçam sobre a trajetória dos negros e a discussão de raça e racismo no Brasil, ou, como se diz hoje, “o viés racial”. Discussão esta que, tradicionalmente candente em dubiedade, ambiguidade e contradições, cerceia as relações pessoais, sociais e institucionais entre
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