apresentação | Dossiê Onde está a vulva?
Ilustração de Charles Eisen para o conto “O diabo de Papefiguière”, de Jean de La Fontaine. Na história, a mulher afugenta o diabo mostrando sua vulva
A quem escreve se apresenta a problemática da forma: qual o ritmo a ser seguido, a abordagem mais conveniente, o detalhamento concedido aos veios abertos? Sem supor insuficiência em outras possíveis soluções formais, tomo de saída a temporalidade para situar este dossiê. Retrocedo alguns passos.
“Impasses em torno do conceito e da função do falo”: eis o título da mesa na qual estaria em agosto de 2022 e para a qual deveria preparar uma conferência a convite de Andréa Guerra, coordenadora do Psilacs (Psicanálise e Laço Social no Contemporâneo), na UFMG. Antes do convite, já me havia dedicado a estudos feministas e queer críticos à lógica fálica na psicanálise. Talvez tenha sido por causa de algumas produções nessa direção que meu nome surgiu para compor parte das apresentações do seminário “Psicanálise e mal-estar colonial”.
Surpresa, iniciei minhas leituras em torno da cilada fálica em 2015, ao deparar com artigos da psicanalista Márcia Arán. Inspirada por suas ousadas reflexões, devorei textos de algumas feministas que se dedicaram a refletir sobre o assunto ainda na década de 1970: Hélène Cixous, Luce Irigaray, Monique Wittig. Outro conjunto de investigações realizadas derivou-se de releituras dessas perspectivas, feitas por autoras e autores contemporâneos, como Judith Butler ou Paul B. Preciado. Cruzavam-se a essa linhagem outras análises de latino-americanas: Lélia Gonzaléz, Gloria E. Anzaldúa ou Rita Laura Segato.
O debate sobre os impasses em torno da primazia fálica se expandia por algumas esfera
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