Privado: Ainda que o último fio seja intangível ao nossos olhos
Texto da exposição “Trouxeste a Chave? ” que abre na Galeria Mônica Filgueiras no dia 18 de novembro e vai até dezembro.
Ainda que o último fio seja intangível ao nossos olhos
Marcia Tiburi
Corpográficos. Vulcanográficos, ambigráficos, personográficos. Tramográficos, aracnográficos, espacialográficos. Ascensográficos. Impulsográficos. Aerográficos. Corrosivográficos. Levitográficos. Sabergráficos. Vorticegráficos. Pelegráficos. Inundográficos. Rebentográficos. Anjográficos. Riscográficos. Ventográficos.
Branca de Oliveira é acostumada com complexas tecnologias. Leva-nos, contudo, neste trabalho a uma viagem na potencialidade do material mais simples da história da arte: a grafite. À aventura na forma mais básica das artes visuais: o desenho. Não é somente o retorno ao elemento fundante do gesto imagético, mas um aprofundamento no fantasma da tecnologia que, historicamente, nos dispensou as mãos. Branca volta a elas, devolve-as ao gesto e ao corpo que, desenhando, pratica seu primeiro movimento: ir além de si. Esse gesto liga, relaciona, anexa. Tenta, testa, e por isso risca, arranha, suja, deixa acontecer. Funda nexos.
Toda a experimentação é desenho. Desenho é design, é gesto de significação. Mas desenho é também grafo. Grafo é linha que conecta e desconecta uma coisa com outra, e a linha à outra linha. Grafar implica uma gramática: grafamos com vértices, arestas, paralelos, setas, laços, nervuras, ranhuras, arcos. Olhar esse trabalho de Branca de Oliveira implica deixar-se levar pelas linhas, aceitar seus e
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