DOSSIÊ | Adorno e a reinvenção da dialética
O filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão Theodor Adorno (Arte Revista CULT)
A questão pouco acanhada a respeito da atualidade da filosofia no século 20 – nada menos do que a questão sobre a possibilidade de renovação objetiva do discurso interpretativo filosófico – acompanhou, de maneira obsessiva, a experiência intelectual de Theodor W. Adorno. Ela esteve presente já no título da conferência inaugural na Universidade de Frankfurt, em 1931, na qual o jovem e ambicioso professor passava em revista pelas modas filosóficas da Alemanha no entreguerras. A caducidade a filosofia manifestava-se, para ele, não só no fracasso das ambições totalizantes e fundacionistas do idealismo, mas também nos esforços reiterados e ainda predominantes de atualização dessas mesmas ambições, as filosofias da vida à ontologia fundamental.
A filosofia só permaneceria atual, na visão do jovem filósofo, não na formulação de respostas novas a problemas antigos, mas na crítica da própria caducidade de toda subjetividade filosófica constitutiva. Sua sobrevivência dependeria de um programa de interpretação materialista da história da razão subjetiva, de uma reavaliação de suas questões clássicas à luz da concreção histórica e social do presente. A dialética em sua modalidade não idealista era o impulso, o procedimento que asseguraria a atualidade da filosofia.
Não chega a surpreender que a mesma questão, exposta no discurso inaugural de 1931 com uma solenidade quase metodológica, tenha reaparecido décadas depois, em 1966, na frase inicial de Dialética negativa: “A filosofia, que um dia pareceu ultrapassada, m
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