Adeus, Fidel
Fidel Castro, que faleceu na última sexta (25), aos 90 anos (Foto: Ismael Francisco)
O homem se vai, mas fica o legado cravado na história de um povo orgulhoso de sua história de lutas e glórias
Um dos maiores líderes políticos do século 20 faleceu no último dia 25 de novembro, em Cuba. Fidel Castro descansou depois de uma vida dedicada ao socialismo. Foram quase cinco décadas no poder, onde o pai da revolução cubana construiu uma nação soberana e independente do capitalismo.
Seu governo inspirou gerações no combate à injustiça social, pois respeitava a defesa dos direitos de todos os trabalhadores, das mulheres, e combatia o apartheid em uma época em que falar em igualdade era pedir por guerra. Fidel foi o líder mundial não ligado a uma monarquia que mais tempo ficou no poder ao longo do século 20. Foi pai de oito filhos com quatro mulheres, mas cuidou de uma nação como se fosse sua família, oferecendo saúde e educação de qualidade a todos sem distinção.
Era um homem marcante e leonino que sabia se fazer presente sempre, tanto que ficou famoso também pelos discursos exaustivos com várias horas de duração e “sobreviveu” a onze presidentes norte-americanos. Fidel virou líder cubano quando Dwight D. Eisenhower era presidente dos Estados Unidos da América e completou 90 anos de idade no final do mandato de Barack Obama.
“Sempre houve um lado esotérico em Fidel, alimentado naturalmente pelas religiões afrocubanas”, escreveu a autora Georgie Anne Geyer no livro Guerrilla prince: The untold story of Fidel Castro, de 1991.
Prova dessa crença foi um episódio ocorrido em 1959, quando Fidel falava ao povo cubano após vencer a revolução. Em uma das partes mais acaloradas de seu discurso – que por sinal sempre foram longos – uma pomba branca pousa em seu ombro. O fato inusitado foi considerado um sinal de que ele era “o escolhido”, o predestinado a vencer.
Agora em 2016 a despedida será com um funeral que durará sete dias e sete noites, sendo este o último ato do comandante. O homem se vai, mas fica o legado cravado na história de um povo orgulhoso de sua história de lutas e glórias. Fidel mostrou para todos os cubanos o quanto a obstinação, a guarda, a certeza, o orgulho de ser o que é leva mais longe.
Considero o saldo desse movimento que revolucionou gerações brilhantemente traduzido nesta frase de Fidel: “Hoje milhões de crianças vão dormir na rua. E nenhuma é cubana.”