A morte como objeto, alvo e destino psíquico
“Mulher branca entre o gozo e o algoz”, de Pinky Wainer (Foto: Reprodução/Estúdio 321)
Permanece ativo, urgente e necessário um pensamento que se debruce sobre os destinos da sexualidade, da dor, do prazer, dos sonhos. Hoje, mais do que ontem. O conceito de inconsciente tornou-se incontornável; estabeleceu-se como figura e fundo de tudo o que é pensável e impensável; tudo o que é dizível e mudo e tudo o que se apresenta entre luzes e sombras. De fato, para a psicanálise nada é só luzes ou apenas sombras.
A envergadura de uma teoria e uma técnica dessa amplitude teve em Freud seu principal artífice, que com todo labor revelava a psicanálise como um modo de pesquisar e saber que inscrevia de modo contínuo no trabalho clínico e em sua técnica e teoria tudo o que não se sabe, aquilo do qual se duvida e o “ainda não” do trabalho incerto do querer saber.
Esses caminhos difíceis, obtusos, escuros e lentamente figuráveis que a clínica psicanalítica vela e desvela foram confessados de modo enfático por Freud em 1920. Entre os escombros de uma guerra que recém terminava, o próprio conceito de civilização colocava-se em cheque, dando início a um tempo em que se morria e se matava aos milhões, deixando para a posteridade o rastro de lutos impossíveis.
Tal catástrofe geraria escombros, multiplicando outros milhões de sobreviventes enlutados, feridos e torturados. Países, cidades, comunidades, famílias inteiras devastadas custariam a se reerguer, outras jamais conseguiriam. Não por acaso a própria psicanálise foi colocada em xeque, em desafio e em ponto de ebulição por seu pioneiro, naquele momento em que quas
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