À luz da angústia
O psicanalista, escritor e professor austríaco Otto Rank (Foto: Reprodução)
Nascido nos arredores de Viena no ano de 1884, em uma família de modestos recursos financeiros e com graves problemas de relacionamento, aquele que viria a ser o autor de O Traumatismo do Nascimento conheceu a privação e a dificuldade.
Aos 19 anos, devastado pela figura violenta de seu pai alcoolista que lhe traumatizara a infância, Otto Rosenfeld deixa a casa da família e decide atribuir a si mesmo o nome com o qual, anos mais tarde, se tornaria célebre no mundo psicanalítico: Otto Rank.
Personagem singular entre os pioneiros do movimento psicanalítico, Rank desfrutou durante longos anos da confiança, da proteção e mesmo da admiração de Freud, que fez de seu brilhante pupilo o primeiro secretário da Sociedade Psicanalítica de Viena, como forma de auxiliá-lo a ter os meios materiais para prosseguir em sua formação de psicanalista.
A confiança de Freud em seu protegido ia a tal ponto que, em 1909, aceitou escrever o capítulo intitulado “O Romance Familiar dos Neuróticos” para o livro que o talentoso novato elaborava sobre o mito do nascimento do herói.
Mais do que isso: constatando a vasta erudição de Rank nos campos do mito, do símbolo e dos sonhos, Freud o convidou a redigir a parte relativa ao simbolismo dos processos oníricos para integrar a quarta edição de sua obra maior, A Interpretação dos Sonhos.
As divergências entre os dois homens colocam-se após a Primeira Guerra, conduzindo a uma ruptura dolorosa e definitiva. O estopim da crise teórica que os separaria para sempre seria a publicação, em 1924, da obra mai
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