Privado: A lira paulistana de Zélia Duncan
Foto: Roberto Setton
por Marcus Preto
“Você que saia da linha/ Você que perca o juízo/ Levo fama de Zélia boazinha/ Mas mato, se for preciso/ Você que faça gracinha/ Na festa, banque o Narciso/ Eu corto suas asinhas/ Te expulso do meu paraíso.”
Itamar Assumpção (1949–2003) conhecia muito bem Zélia Duncan. Para ela, o compositor criou os versos acima – e outros tantos, tão ou mais estrondosos do que esses –, enfileirados no rap “Zélia Mãe Joana”. Não por acaso, é essa a faixa que encerra o álbum mais recente da cantora e compositora fluminense, Tudo esclarecido, em que ela atua exclusivamente como intérprete (e musa) da obra de Itamar.
É um projeto antigo de Zélia, a maior e melhor porta-voz desse genial compositor paulista, que até pouco tempo atrás era mais conhecido por sua personalidade difícil e pelo pouco jeito para lidar com a indústria fonográfica do que por sua brilhante obra. Muitos nomes importantes da música brasileira gravaram Itamar Assumpção – Ney Matogrosso, Zizi Possi, Cássia Eller e Rita Lee, entre eles. Mas ninguém o fez com a assiduidade quase religiosa de Zélia.
“Sempre fui atraída e completamente apaixonada pelo som do Itamar como algo que poderia ser dito no meu trabalho”, diz a cantora, que já era uma estrela da nossa música pop em 1996, quando lançou o álbum Intimidade e incluindo nele “Vou tirar você do dicionário”, sua primeira gravação de uma canção de Itamar.
Zélia lembra que fez muita força para Itamar estar com ela no palco do Canecão na noite de estreia do show Intimidad
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