A história de carne e osso

A história de carne e osso
  Com quase 40 obras publicadas nas últimas três décadas, Mary Del Priore, 60, coleciona prêmios como o Casa Grande & Senzala e o da Associação de Críticos de Arte de São Paulo, além de dois Jabutis. A História íntima, sensível, sexual e subjetiva – em outras palavras, a vida privada – é o prisma sob o qual seu eixo temático está calcado. Cinquenta tons de cinza do imperador “Há alguns anos, percebi que a família imperial era uma bela fonte para personagens dos quais só conhecemos estereótipos replicados em livros do ensino fundamental, e que valeria a pena revisitá-los”, conta Mary, que tem em seu currículo biografias de Pedro Augusto, neto e principal candidato a herdeiro de Dom Pedro II; Condessa de Barral, amante do imperador; Dilermando de Assis, assassino de Euclides da Cunha; e a princesa Isabel e seu marido, conde d’Eu. “Acho que só restou o Dom Pedro II, mas não vou me atrever a fazer a biografia dele. Ele era tão ambíguo, bizarro, tinha reações tão inesperadas e ao mesmo tempo tão distantes daquela figura intelectualizada que fazemos dele. Digo sempre que Gilberto Freyre foi pioneiro em perceber o ‘imperador cinzento’, aquela figura que de fato tinha cinquenta tons de cinza”, diz, rindo. No momento, Mary se diz prestes a fechar com “uma grande editora” outras três biografias – uma delas, adianta, sobre o senhor de escravos conhecido como comendador Breves, ou, segundo ela, o “Poderoso Chefão do Vale do Paraíba”. “Não gosto de vida de santo, isso é para o padre Serafim Leite – aquele da

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