Privado: A escravidão da norma

Privado: A escravidão da norma
O filósofo francês Michel Foucault (Reprodução)
Os últimos escritos de Michel Foucault, notadamente os volumes finais de sua História da Sexualidade, bem como os cursos ministrados no Collège de France entre os anos 1981 e 1984, revelam sua incursão na cultura e no pensamento antigos. Neles, o filósofo, que no mesmo período viria a definir a sua filosofia como uma “ontologia do presente”, volta-se para o problema da constituição do sujeito moral na Antiguidade clássica. O estudo da moral sexual na Antiguidade, assim como a pesquisa sobre a formação e os desdobramentos da “cultura de si” no pensamento greco-romano, sugere que a direção para a qual o olhar do pensador se lança em seus últimos trabalhos é o passado. Contudo, uma consideração atenta do conjunto de seus escritos, capaz de colocar em evidência os principais deslocamentos que tais escritos realizaram relativamente à história das ciências e à filosofia política e moral de sua época, permite afirmar que a filosofia de Foucault – mesmo aquela presente em seus trabalhos finais – se configura como busca insistente de compreensão do nosso presente histórico. A esse respeito, as observações de caráter metodológico realizadas no início da aula de 5 de janeiro do curso de 1983 no Collège de France (“Le gouvernement de soi et des autres”) são esclarecedoras. Com o fim de distinguir seu trabalho dos métodos que entende ser próprios a uma história das mentalidades ou a uma história das representações, Foucault dirá que seu projeto geral foi realizar uma “história do pensamento”. Compreendida em um

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