A Desconstrução
Mais do que uma teoria do conhecimento ou uma filosofia da linguagem, a desconstrução sempre teve como sua preocupação central uma postura ética e política
Em 1989, em uma palestra de abertura de um grande Colóquio na Cardozo Law School, famosa faculdade de Direito nos EUA, o filósofo franco‑argelino Jacques Derrida parecia apresentar a fala que se tornaria um de seus mais respeitados livros a fim de responder a alguns de seus críticos, enumerando razões para se reconhecer que seu pensamento, que se convencionou desde a década de sessenta chamar de Desconstrução, mais do que uma teoria do conhecimento ou uma filosofia da linguagem, sempre teve como sua preocupação central uma postura ética e política. E, desde então, seu pensamento começa a se debruçar insistentemente sobre temas como a hospitalidade, os imigrantes ilegais, a democracia, o direito, a soberania etc., fazendo inclusive com que alguns de seus comentadores cunhassem o termo “segundo Derrida” ou “Derrida tardio” para se referir a essa suposta “virada ética” de seu pensamento. Mas como poderia ser possível aceitar tal ideia de uma “guinada ético-política” se o próprio filósofo declarava que seu trabalho foi desde sempre motivado por questões éticas e políticas? Nesse sentido, o que temos que compreender, antes de qualquer análise sobre a obra de Jacques Derrida, é como e por que a Desconstrução configura desde seu surgimento um gesto ético e político.
Na referida palestra, que posteriormente foi publicada sob o título Força de lei: o fundamento místico d
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