Baudelaire

Baudelaire
O escritor francês Charles Baudelaire (Feliz Nadar/Wikimedia Commons)
  Ele nasceu e morreu no século “careta”, o 19, no auge da Revolução Industrial iniciada em meados do século anterior, o 18 – este, o da Revolução Francesa e dos libertinos. Mas por que falar aqui, nesta minha página mensal na Cult, de um homem que viveu há mais de três séculos? Porque sua poesia não envelheceu. A comparação é extemporânea, mas arrisco dizer que ele representou, em sua língua e sua época, o que Carlos Drummond de Andrade até hoje representa para nós, brasileiros que se tornaram adultos no século 20. Só que nosso grande Drummond foi um pacato pequeno-burguês (ou nem tanto: leia, se ainda não o fez, a primeira parte do monumental Passagem da noite), e Baudelaire, quase um “fora da lei”, considerado o último dos românticos e o primeiro dos modernos. “Quem diz Romantismo diz arte moderna”, escreveu ele em 1846. Baudelaire era paradoxal. Participou da revolução de 1848, mas também abraçava ideais aristocráticos, da elite (sendo ele um pé de chinelo sustentado pelo padrasto, o general Aupick). Seria considerado hoje, por uma psiquiatria que diagnostica os conflitos internos como sinais doentios, um “bipolar”? Felizmente escapou do veredito psiquiátrico: na época, seria internado em um hospício, e não teríamos sua poesia sinistra e maravilhosa. Seus poemas, com frequência provocadores, se encontram reunidos no livro As flores do mal, publicado em 1861. O título de seu livro de 1848, Paraísos artificiais, sugere experiência com drogas; seis poemas do livro foram proibidos, e o autor acabou processado

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