Ética e peste: uma perspectiva teológica feminista
Em tempos de coronavírus, ficamos nos perguntando como uma frágil força invisível em contínua expansão pelo mundo pode mudar nossos comportamentos e nos ameaçar de morte em meio a sofrimentos físicos e psíquicos cada dia maiores. Como um vírus pode mudar a economia, a pesquisa científica, a arte, a literatura, as religiões, os hábitos, as relações entre os governos e as relações entre pessoas inclusive na própria família? Como um vírus pode provocar tanto medo de nos aproximarmos das pessoas e das coisas habituais e nos fazer sentirmos mais ameaçadas e inseguras do que a habitual violência de nosso mundo? Impressiona-nos ver esse desconhecido cujos efeitos gregários nefastos sentimos, ver sua forma “cientificamente desenhada”, aumentada milhares de vezes e mostrada nas telas da TV como se fosse um verme da Terra em forma de coroa. De fato, ele é da Terra como nós, e de certa forma nos escolheu como lugar para abrigar-se – sem que saibamos as razões.
Muitos especialistas debruçam-se hoje para compreender algo desse fenômeno que convida ao pensamento e à ação. É nessa perspectiva que me atrevo a escrever algumas intuições a partir da teologia cristã – cujos conceitos, crenças e expressões religiosas atuais posso de certa forma explicitar, visto que é a que melhor conheço. As crenças religiosas se multiplicam hoje quase como o vírus. Basta buscá-las na internet e no WhatsApp para ver como empunharam suas armas para defender-se contra o vírus causador de tantos distúrbios. Ele esvaziou templos, encontros espiritua
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