O ciclo de agressão ideológica da nova política
(Arte Revista CULT)
Em 3 de junho de 2017, 20 delegados do PT atacaram Miriam Leitão em um voo para São Paulo. Começaram puxando o coro de “terrorista, terrorista!”, depois passaram às ofensas, aos esbarrões na cadeira em que ela estava sentada, aos gestos de humilhação. Em julho de 2019, Carlos Schroeder, coordenador artístico da 13ª Feira do Livro de Jaraguá do Sul (SC), lamentava em entrevista ter tido que cancelar o convite feito ao casal Miriam Leitão e Sérgio Abranches, uma vez que se sentiu intimidado pela enxurrada de mensagens de repúdio recebidas, muitas delas com ameaças. Em café da manhã com a imprensa estrangeira em 19 de julho, foi a vez de o presidente da República dizer que a jornalista não só integrou a luta armada como se dirigia ao Araguaia para se juntar à guerrilha quando foi merecidamente presa pelo regime militar, aos 19 anos, e que ela mente ao dizer que foi submetida a abusos ou a tortura.
A agressão, com motivação ideológica, de alvos considerados adversários ou inimigos já é de casa neste Brasil em que todo mundo virou torcedor partidário, na hipótese benigna, ou combatente engajado na guerrilha política, na hipótese mais extrema. Naturalmente, é fácil para a opinião pública condenar a razia ideologicamente motivada contra os adversários, mas só a do outro lado. De modo que hoje a agressão ideológica faz par constante com a indignação seletiva: as pessoas estão prontas para a condenação veemente quando a agressão parte de uma facção, assim como para a indulgência (ou até para a defesa do agressor) quan
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