Um pacto com o mistério

Um pacto com o mistério
O escritor Felipe Franco Munhoz, autor de 'Identidades', lançado pela editora Nós (Foto: Maria Helena Franco/Divulgação)
  Eu publiquei uma única vez nesta revista. Quase exatamente vinte anos atrás aparecia aqui um fragmento de uma série de poemas que pretendia ser uma retomada do mito fáustico. Vinte anos atrás Felipe Franco Munhoz acabava de entrar na escola. Hoje, publicou ele próprio uma retomada do mito fáustico em seu belíssimo livro Identidades. Há coisas que se mantêm sempre vivas, produtivas, geração a geração. Há esqueletos narrativos que permitem infindas visões, e revisões. A figura do doutor Georg Faust, em suas múltiplas encarnações, é definitivamente uma delas, e acaba de encontrar neste Identidades (romance? teatro? poesia?) seu R.G. brasileiro para o século 21. Porque tudo ali recende a contemporaneidade. Talvez até a um tipo de contemporaneidade que, paradoxalmente, pode nem estar ainda implementada. Felipe Munhoz pode estar até um passinho à frente do grosso do que hoje se produz de literatura de qualidade no Brasil. Pois se passamos décadas sob o peso daquela afirmação de que seríamos fracos em produzir literatura middle brow, literatura que se esforçasse por trilhar o caminho do meio, entre o alto e o popular, entre a invenção e o comercial... bem pode ser que estejamos já há bastante tempo vivendo o oposto. Ficamos bons demais (brasileiros, americanos, literatura, televisão) em produzir o meio, a média refinada: média-alta. Ficamos bons em produzir densidade para muitos. Mas será que já não cansa esse primado do acessível? Eu tenho um colega que uma vez refutou um aluno que reclamava de não ter entendido um texto de Joy

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