A sabedoria decantada de Alice
A poeta e letrista Alice Ruiz (Foto Christian Tragni)
“Vocês foram pontuais, mas eu me atrasei”, disse Alice Ruiz, num tom que beirava o grave, ao abrir o portão de sua casa, localizada em uma rua fechada do bairro de Pinheiros, na cidade de São Paulo. Eram 14h30, mesmo horário em que a entrevista havia sido previamente marcada, mas não era a este tipo de atraso que a poeta fazia menção. “É que eu acabei de chegar, não pude me arrumar, pentear o cabelo, me maquiar pra foto”, desculpou-se, bem humorada. Ela, então, pediu uns minutos para se ‘ajeitar’, enquanto a água para o café fervia no fogão. Voltou pouco tempo depois, com os cabelos mais alinhados e uma fina camada de batom.
Alice mora numa casa térrea, ampla e bem iluminada. Um pequeno jardim na frente e outro nos fundos, onde uma edícula também serve de biblioteca e escritório. A sala, conjugada com a cozinha, revela duas de suas paixões: o haicai – forma poética comum na cultura nipônica, que preza pela objetividade e concisão em poemas formados por 17 sílabas –, representado em ideogramas japoneses pintados, com tinta vermelha, em uma tela fixada na parede; e a música, em uma grande prateleira, repleta de CDs, que toma boa parte da outra parede. Há ainda um piano. “Mas eu não toco, não sei. É da minha filha Estrela, que é musicista – ficou aqui porque não coube no apartamento dela, em Curitiba. Quem toca são os amigos, em reuniões e saraus aqui em casa”.
Aos 67 anos, Alice exibe uma profícua carreira: publicou mais de 20 livros, entre poesias, haicais e prosa; escreveu letras de música para nomes como A
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