O voto baseado em razões morais
Na campanha para a eleição do fim do mundo, políticas públicas morais estão em alta (Arte Andreia Freire)
Segundo uma perspectiva clássica sobre eleições, em democracias o sujeito vai ao mercado eleitoral, em intervalos regulares, basicamente para escolher as políticas públicas em oferta naquela estação e os candidatos capazes de executá-las ou implementá-las. Políticas públicas são geralmente respostas governamentais e legislativas, materializadas em ações e decisões do Estado, por meio das quais são enfrentados problemas que afetam a sociedade ou parte dela.
Na prática, sabemos que o processamento da decisão eleitoral não necessariamente segue um percurso tão linear, que consiste em partir da escolha de uma política pública para, então, como passo seguinte, chegar ao candidato e ao partido que parecem ter o que é necessário, em termos de consciência e de propósito, para levá-la a termo. Às vezes, pode ocorrer que mecanismos de identificação prévios do eleitor com o partido ou com um candidato tornem desnecessário vasculhar as ofertas de políticas públicas de uma eleição específica, pois eu já sei o que esperar de um possível governo ou mandato legislativo de um determinado candidato. Outras vezes, nos parece mais importante impedir que prevaleça eleitoralmente uma determinada política pública que não queremos, como um rigoroso projeto neoliberal ou um dispendioso programa de bem-estar social, por exemplo, do que propriamente escolher a nossa política predileta. De toda sorte, em ambas as situações alternativas o sujeito normalmente elege candidatos ou partidos com base em expectativas de ações legislativas e execut
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