Vestidos de Laerte
Laerte Coutinho questiona o conceito de gênero na sociedade por meio de uma luta pessoal
CULT: Como artista, você é unanimidade. E como cidadã?
Laerte: Não rola nenhuma unanimidade, nem como artista nem como cidadã.
Meu trabalho é questionado de várias formas e minha “atuação” como pessoa transgênera também.
A esse respeito, aliás, vem acontecendo uma determinada movimentação, uma espécie de corporativismo em torno da pertinência das denominações transgêneras.
Há, ali, quem defenda uma legitimidade exclusiva, restrita a travestis e transexuais, com o consequente traçado de limites territoriais – onde pessoas “não-alinhadas” não estarão incluídas.
É uma pena, porque bate de frente com a vocação transgressora da ideia de transgeneridade, como um movimento de desmanche do bi-generismo e da rigidez das identidades.
Você é mais assediada por homens ou por mulheres?
Esta pergunta faz supor que há uma fila de assédio que possa ser tabulada. Não há…
Entre homens, mulheres e todas as nuances, sou assediada e assedio com bastante moderação.
Acredita que as mulheres são mais frágeis e precisam de proteção?
Não mesmo. O fato de ter massa corporal menor – na média – não implica em fragilidade e necessidade de proteção.
Ideias como esta embasam políticas de segregação, como os banheiros por gênero, os “vagões rosa” em trens e metrôs; o que essa política pretende (e realiza) é o exercício da dominação e controle das mulheres e de seus corpos.
Defende o aborto?
Defendo o direito a recorr
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