Privado: Vencer a si mesmo

Privado: Vencer a si mesmo
por Andrea Tabaroni Partindo da concepção de pecado original do próprio Francisco, que considerava a causa da Queda a apropriação indigna de Adão do mérito e do saber, próprios apenas de Deus, a teoria franciscana sempre reforçou a importância fundamental e inderrogável, para aqueles que atuam na sequela Christi, de privar de si mesmos aquela soberba que foi a causa do pecado original e a fratura da relação de plenitude com Deus. Com isso, não pretendiam apenas fugir a toda forma de posse, mas, mais precisamente, reconhecer a total superioridade do mérito divino sobre o humano, reconduzindo tudo à vontade do Criador e ao voluntário rebaixamento de Cristo que com sua vinda pôde apenas reabrir a possibilidade de reinstaurar a condição originária do homem. Justamente dentro desta reflexão sobre a vontade humana – que pode recuperar a si mesma unicamente negando-se diante de Deus –, o pensamento franciscano assume um valor político, além de teológico. De fato, se é verdade que, até a morte de Francisco, a liberdade dos franciscanos de levar uma existência fundada no ideal de pobreza e da privação de si era garantida pela figura do próprio Francisco e de sua relação com a autoridade pontifícia, o mesmo vale mais para os anos que seguiram a morte do Santo. As comunidades de frades que, no início, haviam se reunido espontaneamente ao redor de Francisco, agora se viam acertando as contas com a exigência de um enquadramento institucional mais definido na forma – que, justamente, estavam se afirmando naqueles anos – de uma nova ordem mend

Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »

Novembro

TV Cult