Um destino radioso para a ambivalência
Desenho de Richard, um dos pacientes de Klein, que serviu de base para um de seus mais famosos estudos de caso, publicado na década de 1940 (Wellcome Collection)
Desde o início de seu trabalho com crianças, Melanie Klein voltava sua atenção para os fenômenos da ambivalência: sentimentos opostos e em conflito são despertados ao mesmo tempo em relação aos mesmos elementos da experiência. Desejos amorosos, raivas, medos e culpas aparecem juntos, embora muitas vezes alguns fiquem excluídos da consciência, isto é, são reprimidos.
Quando Melanie Klein adotou a hipótese freudiana do chamado “segundo dualismo pulsional”, um conflito básico entre pulsões de vida (amor e ligação) e pulsões de morte (ódio, destruição e desligamentos), ela encontrou uma base sólida para todas as ambivalências. Segundo ela, esses conflitos nos acompanham desde o nascimento até a morte, e o que vai mudando é nossa capacidade de lidar com as ambivalências.
Com essas ideias Melanie Klein nos anuncia uma sondagem profunda das forças inconscientes que jazem na mente primitiva dos humanos – trata-se de uma visão jamais concebida até então.
Mentes muito imaturas como as de bebês e crianças pequenas ficam sujeitas ao caos e a estados de confusão (e por isso precisam tanto de uma boa acolhida pelo ambiente familiar). O caos se caracteriza por alta intensidade de angústia – difusa e muito perturbadora. A confusão já pode ser uma defesa primitiva contra a angústia, embora muito precária. Na verdade, não apenas nessa idade precoce, mas sempre que nos encontramos fragilizados sofremos com as ameaças de caos e confusão e, portanto, de angústias intoleráveis e mal enfrentadas.
Uma forma básica de sair dessa cond
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »