especial | Transmasculinidades e a vulva
Em sentido horário: Kyem Ferreiro, Luiz Fernando Prado Uchoa, Dan Kaio Lemos e Apollo Arantes
Dan Kaio Lemos
Antropólogo e escritor. É doutorando em ciências sociais (UnB) e membro do Núcleo de Transparentalidades do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat)
Você é feliz com seu corpo?
Inicialmente, é importante dizer que a felicidade depende muito da autonomia do corpo, e essa autonomia é produtora da existência; quando não se tem autonomia, obviamente não há a existência e muito menos a felicidade. Para que eu possa afirmar que sou feliz com meu corpo, preciso denunciar o sistema normativo cisgênero que reforça o tempo todo sua condição como única e, muitas vezes, faz acreditar que o desejo e/ou a felicidade minha e de outra pessoa trans é ser uma pessoa cis, negando tudo o que me torna e nos torna trans. Sou feliz com meu corpo transmasculino por viver as várias transições tecnológicas ou não, assim como sou feliz por produzir outras leituras e outros entendimentos de corporalidades exercendo a minha identidade, a minha sexualidade e a minha corporalidade de uma forma mais ampla. É aí que passo a sonhar, desejar e concretizar a minha felicidade com as mesmas possibilidades das pessoas cisgênero.
Ao expressar aqui, nesta escrita, que amo meu corpo, percebo que isso diz muito de mim, do que eu sou, do que eu faço, mas também da dor e da delícia de ser um homem trans, dos silenciamentos, das invisibilidades e da marginalização promovidos pelas injustiças sociais e culturais tão naturalizadas e legitimadas em discursos do tipo “o certo é assim”, “você não é um homem”, “seu corpo não é de ho
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