Traços de Guayasamín

Traços de Guayasamín

Guerra Civil Espanhola, campos de concentração nazistas, dores e tragédias. O artista equatoriano Oswaldo Guayasamín (1919-1999), que ao longo de sua carreira conquistou o Grande Prêmio da III Bienal de Barcelona e o Primeiro Prêmio da Bienal de São Paulo, conseguiu transcender o sofrimento e transportá-lo para a arte. A exposição Guayasamín leva ao Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, 98 produções deste artista, a quem o escritor Pablo Neruda se referia como “anfitrião de nossas raízes”.

Em meados dos anos 1960, Guayasamín visitou países da América Latina, como conta seu filho e curador da mostra, Pablo Guayasamín: “Ele viajou desde o México até a Patagônia e nesse período foi descobrindo, povo a povo, as origens do nosso continente”. Por conta do profundo conhecimento dessas populações, pôde perceber a presença do sofrimento ao longo de suas histórias. “Ele dizia que o século em que vivia havia sido o mais violento da história. O homem havia destroçado o próprio homem das maneiras mais sinistras que se poderia imaginar”.

Momentos conturbados foram vistos com proximidade pelo equatoriano, que visitou, por exemplo, campos de concentração nazistas. O resultado são obras como a série La Edad de la Ira (A Idade da Ira), pintada totalmente em preto e branco. Com o passar do tempo, o colorido passou a ganhar mais espaço em suas obras. “Ele foi influenciado por vários artistas e dizia que havia tido muitos mestres ao longo de sua história”, recorda Pablo. “Os primeiros mestres que teve foram os artistas que trabalhavam com culturas pré-históricas do Equador. Depois, conheceu a arte colonial, a arte de El Greco, dos grandes pintores espanhóis e, finalmente, figuras mais modernas, como Picasso”.

Além do sofrimento, ternura e figura maternas são temas de cerca de 50 produções, tais como Huacayñan, el Camiño del Llanto (Huacayañan, o Caminho do Pranto) e Mientras Vivo Simpre Te Recuerdo (Enquanto Viver, Sempre Lembrarei de Ti). Na infância, em um de seus primeiros trabalhos, Guayasamín usou o leite materno para obter um azul ideal que conseguisse representar o céu.

Guayasamín
Onde: Fundação Oscar Niemeyer (Curitiba-PR)
Quando: até 25 de julho
Quanto: R$ 4 (estudantes: R$ 2)

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Dezembro

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