Quando toda maternidade é política

Quando toda maternidade é política
As mulheres palestinas resistem ao colonialismo israelense, grafite na Cisjordânia (Foto: Petter Mulligan)
  As mulheres palestinas estão resistindo e lutando contra o colonialismo do governo israelense e os patriarcados. Pergunto-me por que há tanto medo de tocar nesse ponto sensível. Tornar-se palestinas é um chamado para sentir essa dor, para nos convertermos todes em palestines neste momento em que a sinédoque da pensadora indiana Gayatri Chakravorty Spivak permite ser identidades múltiplas ao mesmo tempo. Evito falar por outres ou sobre outres. Falo a partir do Sul, como metáfora do sofrimento. A Palestina está chorando; não se pode ouvir seu pranto, mas ela está constantemente chorando. Enquanto isso, o mundo segue em silêncio. “O corpo das mulheres está profundamente inscrito na produção da nação”, afirma Rhoda Ann Kanaaneh. Com um trabalho de campo num povoado palestino em Israel, a antropóloga mostra como decisões familiares se tornam aritméticas políticas da população, controladas pelo Estado. Seu trabalho etnográfico compreende os alcances da politicidade da maternidade na vida das mulheres. As fronteiras estão sexualizadas. Nos últimos tempos, Israel se tornou insígnia de uma nação moderna ocidental e colonialista, e sua imagem força a representação de uma Palestina atrasada, selvagem, arcaica e violenta. O pinkwashing, ou “lavagem rosa”, é uma estratégia intencional para ocultar as violações contínuas dos direitos humanos do povo palestino após a imagem de modernidade materializada pela vida gay israelense. São processos que nos levam a mencionar a historização dos acontecimentos que se sucederam depoi

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