Time e New Yorker lançam mão de capas apelativas para atrair leitor
Sofrendo uma forte queda de vendas e publicidade, as históricas revistas americanas e referências em todo o mundo como a Time, Newsweek e The New Yorker, lançaram neste ano, mês após mês, polêmicas capas que fazem sátira a figuras políticas e debatem a idade limite para a amamentação, segundo reportagem do jornal El País.
Recentemente, a Time, fundada em 1923 e registrando atualmente uma circulação de 3,3 milhões de unidades, colocou na capa da sua edição do dia 21 de maio Jamie Lynne Grumet, uma mãe de 26 anos de Los Angeles amamentando o seu filho de 3, com o olhar fixo à câmera. O artigo se referia ao Dr. Bill Sears, célebre nos EUA por defender uma grande proximidade entre mãe e filho, o que ele chama de “criação por apego”.
Houve muita crítica nas redes sociais, às quais se seguiram petições para que grandes redes de supermercado não vendessem a revista, ou mantivessem a mesma em locais cobertos e reservados, como são tratados os materiais pornográficos.
Rick Stengel, diretor da revista, disse ao El País: “Para mim, a tarefa principal é atrair a atenção do leitor. Desde o momento em que debatemos a possibilidade de dar essa história na capa, me custou muito não estar presente em cada uma das reuniões sobre o tema. Havia muita opinião, muita paixão e muito debate. O que isso me deu a entender é que existem muitas pessoas preocupadas com essa questão”.
Seguindo o mesmo viés polêmico, dias depois de Barack Obama anunciar o seu apoio formal ao casamento homossexual, a Newsweek cobriu sua capa com o rosto do presidente sob um halo de santidade com os dizeres: “O primeiro presidente gay”.
A representação dialoga com a pura caricatura, remetendo a um ato eleitoral republicano com a finalidade de tirar votos do ainda então presidente Obama.
Já a New Yorker não ficou fora da discussão, circulando em 2008 caricaturas políticas estampadas na capa que satirizam as origens do presidente americano e sua provável inclinação religiosa.
“As capas que temos visto recentemente na Time, Newsweek e The New Yorker podem parecer sensacionalistas, mas o certo é que todas irão gerar um debate que se manterá vivo por mais tempo do que restarão os correspondentes números impressos das revistas, convertendo-se em fenômenos virais em todo o planeta”, explica Samir Husni, professor na Universidade do Mississippi, especialista na área da mídia impressa.